terça-feira, 4 de março de 2014

Poliquetas

   Poliqueta é uma classe de anelídeo que inclui cerca de 8.000 espécies de vermes aquáticos. O nome deriva do grego (poly + chaeta que significa muitas cerdas), numa referência às cerdas que lhes cobrem o corpo. A grande maioria das espécies é típica de ambiente marinho, mas algumas formas ocupam ambientes de água doce ou salobra. Podem ser de vida livre (rastejadores ou pelágicos) ou sedentários (cavadores, tubícolas ou perfuradores); porém, nem sempre é possível distinguir o hábito de vida. Muitas espécies de poliquetas são coloridas e algumas são iridescentes. De maneira geral, são indivíduos segmentados, de forma cilíndrica, com leve achatamento dorso-ventral, com um par de parapódios em cada segmento. São dotados de prostômio bem desenvolvido com palpos ou cirros (órgãos sensoriais) na extremidade anterior, mas não é considerado como o primeiro segmento, sendo este o peristômio. A boca localiza-se ventralmente entre o prostômio e o peristômio; já o pigídio é um segmento não-celomado terminal, onde fica o ânus. Os poliquetas distribuem-se na coluna de água desde a zona intertidal até profundidades de 5.000 metros. Os poliquetas medem de 5 a 10 cm de comprimento, em média, mas há espécies com apenas 2 milímetros e outras que atingem 3 metros.
   Os poliquetas são animais dióicos (embora apresente algumas exceções hermafroditas na família Serpullidae) e a reprodução é geralmente sexuada. As gônadas de poliquetas são órgãos pareados e segmentares. Na maioria dos poliquetas as gônadas estão presentes na maioria dos segmentos, enquanto que, em algumas espécies as gônadas estão presentes apenas em certos segmentos (segmentos genitais). As células germinativas são liberadas no celoma, onde passam por diferenciação e amadurecem, sendo os gametas posteriormente liberados na água através dos metanefrídeos ou pela simples ruptura da parede do corpo. A fecundação é externa e o desenvolvimento indireto.

Hirudineo

   Uma sanguessuga é um anelídeo da classe ou infraclasse Hirudinea (antigamente chamados Aquetas, ou seja, sem cerdas, contrariamente às outras classes ou infraclasses do seu filo) que se alimenta de geralmente do sangue de outros animais (hematófago), embora muitas sanguessugas sejam predadoras carnívoras e não hematófagas. São animais hermafroditas, não possuem cerdas e possuem ventosas para sua fixação. A palavra Hirudinea vem do latim hirudo (sanguessuga). As sanguessugas produzem uma substância anticoagulante denominada hirudina.
   Alimenta-se do sangue das suas vítimas, podendo ingerir uma quantidade de sangue 500 vezes superior ao seu próprio volume. Ao aderir ao corpo do ser vivo de que se alimenta, secreta um anticoagulante que leva o sangue a circular sem estancar. A sanguessuga não é apenas hematófaga, muitas espécies podem ser predadoras alimentando-se de vermes, caramujos e larvas de insetos, além de matéria orgânica.

Oligoquetas

   Oligochaeta ou oligoqueta (do Latim oligos=pouco, chaeta=cerda; ou "poucas cerdas") é uma subclasse de animais que possuem o corpo constituído de segmentos que lembram anéis. São metaméricos, triblásticos, celomados e com simetria bilateral. Habitam o solo e corpos aquáticos tanto de água doce (lagoas, açudes, rios, etc.) quanto salgada (mar). O animal mais representativo deste grupo é a minhoca.
   Todos os Oligochaeta são hermafroditas, podendo reproduz-se sexuadamente ou assexuadamente. Na reprodução sexuada, os animais se fixam em posições opostas e trocam esperma, os quais ficam alojados nas espermatecas. A fecundação na maioria dos casos é externa (a exceção é a família Eudrilidae). Ocorre quando um casulo é produzido pelo clitelo e este, ao deslizar para a região anterior do corpo do animal recebe o(s) ovo(s) e o esperma, respectivamente. Na reprodução assexuada, podem reproduzir por fragmentação, o que não é muito comum.

Anelídeos

   A característica mais peculiar do filo é a metametria, ou seja, a divisão do corpo em partes similares, ou segmentos, que estão dispostos em uma série linear ao longo antero-posterior.
   Os anelídeos são animais com corpo alongado, com simetria lateral, segmentado, triblásticos, protostómios e celomados, ou seja, com a cavidade do corpo preenchida de um fluido, onde o intestino e os outros órgãos se encontram suspensos.
   Os oligoquetos e os poliquetos possuem celoma grande, mas, nas sanguessugas, o celoma está preenchido por tecidos e é reduzido a um sistema de estreitos canais; em alguns arquianelídeos o celoma está completamente ausente. O celoma pode estar dividido numa série de compartimentos por septos. Em geral, cada compartimento corresponde a um segmento e inclui uma porção dos sistemas nervoso e circulatório, permitindo-lhes funcionar com relativa independência. Cada segmento está dividido externamente em um ou mais anéis, sendo coberto por uma cutícula segregada pela epiderme e, internamente, possui um fino sistema de músculos longitudinais. Estas características são parcialmente comuns aos nemátodos e aos artrópodes e, por isso, eles foram durante algum tempo colocados no mesmo grupo sistemático, o filo Articulata, mas estudos mais recentes revelaram que essas características devem ser consideradas como convergências evolutivas.
   Nas minhocas (Oligochaeta), os músculos são reforçados por lamelas de colagênio; as sanguessugas (Hirudinea) têm uma camada dupla de músculos, sendo os exteriores circulares e os interiores longitudinais, o músculo oblico se situa entre esses músculos. Os Hirudineas possuem também músculos dorso-vetrais.
   A maioria dos anelídeos possui, em cada segmento, um par de cerdas, mas os Polychaeta (minhocas marinhas) possuem ainda um par de apêndices denominados parapódios (ou "falsos pés"). Na extremidade anterior do corpo, antes dos verdadeiros segmentos - a cabeça -, encontra-se o protostómio onde podem ser encontrados os olhos e outros órgãos dos sentidos. No segmento seguinte, peristómio, encontra-se a boca. A extremidade posterior do corpo é o pigídio, onde está localizado o ânus e células com capacidade de diferenciação nos diversos tecidos, durante o crescimento. Muitos poliquetos possuem órgãos de sentidos bastante elaborados, mas as formas sésseis muitas vezes apresentam tentáculos em forma de pluma, que eles utilizam para se alimentarem. Para além disso, muitas espécies têm fortes maxilas, por vezes mineralizadas com óxido de ferro.
   O sistema digestório dos anelídeos é completo, com a boca situada no primeiro segmento corporal e o ânus localizado no último segmento. A digestão é extracelular, o tubo digestivo é bastante especializado, devido à variedade das dietas. Muitas espécies são predadoras, como, por exemplo, os poliquetos carnívoros que possuem mandíbulas para a captura de alimento; outras são detritívoras; as minhocas possuem cecos intestinais e tifossole que aumenta a absorção do alimento; outras alimentam-se por filtração, outras ainda ingerem sedimentos, dos quais o intestino tem de separar a parte nutritiva; finalmente, as sanguessugas alimentam-se de sangue de outros animais, por sucção.
   O sistema circulatório dos anelídeos é fechado, formado por vasos sanguíneos interligados, composto por um vaso sanguíneo dorsal que leva o "sangue" no sentido da posterior e outro ventral, que o traz na direcção oposta; em cada segmento, existe um par de vasos sanguíneos laterais, conectando os vasos longitudinais dorsal e ventral.
   O sistema nervoso dos anelídeos é formado por um par de gânglios cerebrais, que está localizado dorsalmente sobre a faringe e por dois cordões nervosos ventrais , com um par de gânglios por metâmero.Várias espécies marinhas de anelídeo possuem órgãos sensoriais bem desenvolvidos, como, por exemplo, tentáculos , olhos e papilas sensoriais. A Sabela, a Sérpula e o Espirógrafo são anelídeos sedentários e possuem numerosas sedas. Ligam-se ao solo através de um tubo feito do líquido que segregam e a que juntam areia e pedra. O Espirógrafo apresenta, tal como o seu nome indica, a forma de espiral.
   A forma de reprodução dos anelídeos varia de espécie para espécie, podendo ser tanto assexuada como sexuada. Um exemplo, são as minhocas que embora sejam animais hermafroditas, pode ou não ser necessário duas minhocas para a reprodução. Elas se unem de forma a ficarem os poros masculinos de uma encostados aos receptáculos seminais de outra, possibilitando, assim, a fecundação dos óvulos pelos espermatozoides. Caso a reprodução seja assexuada, os óvulos e os espermatozoides da própria minhoca (o receptáculo seminal está sem espermatozoide caso a reprodução seja assexuada) são liberados e agregados ao muco liberado pelo clitelo. O indivíduo formado é geneticamente igual ao seu progenitor.
   Veja outros artigos:
        Poliquetas
        Hirudinea
        Oligoqueta

segunda-feira, 3 de março de 2014

Bivalves

   Em biologia, bivalvia (do latim bi, duplicado + valva, porta de duas folhas, valva) anteriormente Pelecypoda e Lamellibranchia, é a classe do filo Mollusca que inclui os animais aquáticos popularmente designados por bivalves. Estes organismos caracterizam-se pela presença de uma concha carbonatada formada por duas valvas. Esta concha protege o corpo do molusco, entre elas há o pé muscular e os sifões inalantes e exalantes para a entrada e saída da água, que traz oxigênio, depois absorvido por difusão direta pelas lâminas branquiais, assim como alimento e também aumenta o risco de intoxicações, pois este tipo de alimentação é comum em animais fixos representando um grande risco caso a ostra e/ou marisco entre em contato com poluição. O grupo surgiu no Câmbrico e é atualmente muito diversificado, com cerca de 15,000 espécies. A separação das diferentes subclasses faz-se pelo tipo e estrutura das brânquias nos organismos vivos, e pelas características das valvas nos bivalves fósseis. O mexilhão, a amêijoa e a conquilha são exemplos populares de bivalves que servem como alimento ao Homem. As ostras são também a origem das pérolas.
   A concha dos bivalves é em primeira análise semelhante à dos braquiópodes, uma vez que é constituída por duas valvas. A principal diferença reside no facto de, nos braquiópodes, as duas valvas serem desiguais (inequivalves) mas simétricas em relação a um plano médio imaginário. Pelo contrário, nos bivalves, as valvas são iguais mas inequilaterais, estando o plano de simetria paralelo à charneira.
   As duas valvas são unidas por ligamentos e músculos adutores. O ligamento, composto pelo resílio e tensílio, controla a abertura das valvas que se dá quando esta estrutura está em reposo. O bivalve fecha a concha através da contração dos músculos adutores, que podem ser um ou dois, conforme a espécie. A geometria e distribuição das cicatrizes dos músculos adutores no interior da valva é um critério importante na classificação dos bivalves atuais e fósseis. A zona mais antiga da valva é o umbo, uma saliência localizada na zona antero-dorsal de cada valva, em torno da qual se dispõem linhas de crescimento radiais.

Gastrópodes

   Os gastrópodes (Gastropoda, do grego gaster, estômago + pous, podos, pé) constituem uma grande classe de moluscos: lesmas, caracóis e caramujos definida pela primeira vez por Georges Cuvier em 1797 , sendo a mais bem sucedida dentro do seu filo. Conta com cerca de 60 mil a 75 mil espécies atuais que incluem os caracóis e lesmas terrestres, bem como um grande número de formas marinhas e de água doce . O registo fóssil dos gastrópodes é igualmente abundante.
   Os primeiros gastrópodes  surgiram em ambiente marinho, no Câmbrico superior e diversificaram-se rapidamente. No Ordovícico o grupo estava já presente numa grande variedade de ambientes aquáticos, incluindo de água salobra e doce, mas ao longo de todo o Paleozóico a classe dominante de moluscos foram os bivalves.
   O primeiro exemplo de gastrópode terrestre surge em níveis de carvão do Carbónico da Europa, mas até ao Mesozóico estas formas são raras. O género Helix, que inclui as espécies mais familiares de caracol durante o Cretácico.
   No início do Cenozóico, marcada pelo evento KT, os gastrópodes tornam-se muito abundantes e mais diversificados, com todos os grupos atuais já individualizados.

Cefalópodes

   Os Cefalópodes (Cephalopoda, do grego kephale, cabeça + pous, podos, pé) são a classe de moluscos marinhos a que pertencem os polvos, as lulas e os chocos.
   Os cefalópodes apresentam um corpo com simetria bilateral. Na cabeça encontram-se olhos bem desenvolvidos, a boca redonda, com um bico quitinoso e a rádula, rodeada por braços e tentáculos, que são uma modificação do pé dos moluscos. A concha é produzida por glândulas presentes numa "prega" da pele, chamada de manto, que envolve todo o animal. A pele contém células pigmentadas, chamadas cromatóforos, que mudam de cor para efeitos de comunicação e camuflagem; esta mudança de cores é dada por ações nervosas diretas. Os estatocistos são os órgãos de equilíbrio.
   São animais extremamente rápidos, tendo desenvolvido um sistema de propulsão na forma de jato, expelindo água da cavidade paleal para o exterior através dum tubo em forma de funil, o sifão.
   A concha está ausente nos polvos, é interna nos chocos e lulas e é externa no nautilus. No argonauta, a fêmea em época de reprodução segrega uma concha externa. As lulas e polvos apresentam a chamada "glândula de tinta". Quando o animal é atacado, ele elimina o conteúdo preto da glândula, que o envolve em uma nuvem escura e lhe permite fugir do inimigo. Essa tinta é o famoso nanquim utilizado por pintores orientais.
   Conhecem-se cerca de 800 espécies atuais de cefalópodes e duas importantes sub-classes de cefalópodes fósseis, incluindo os amonóides desaparecidos na extinção K-T.
   Os sexos são separados e a fecundação ocorre dentro da cavidade paleal da fêmea, onde o macho coloca espermatóforos com um braço modificado, chamado hectocótilo. O desenvolvimento é direto. Estes animais geralmente se reproduzem apenas uma vez na vida, morrendo após a fecundação. Em algumas espécies, a fêmea protege os ovos sem se alimentar e morre logo após o nascimento dos filhotes.